Nos últimos anos, a fisioterapia pélvica é indicada como primeira opção de tratamento conservador, Nível A, para as disfunções do assoalho pélvico (DAP), incluindo as DS, comprovada por meio de estudos controlados onde a cura ou melhora dos sintomas variam de 50% a 97% dependendo do tipo, gravidade e programa de tratamento realizado. A fisioterapia pélvica tem como principal objetivo oferecer ao indivíduo com disfunção sexual melhora das suas condições físicas para o aprimoramento da função sexual.
A avaliação fisioterapêutica é composta por três etapas a primeira, a anamnese; a segunda, a avaliação postural, recomendada sempre, pois é sabido a importância da conexão entre o eixo postural com a manutenção das funções do assoalho pélvico, e no caso do diagnóstico de alterações posturais, as mesmas podem ser corrigidas através de terapias manuais, por exemplo, a reeducação postural global, e a osteopatia.
E a terceira etapa, o exame muscular do assoalho pélvico, permitirá avaliarmos o comportamento como, tônus e habilidade do controle muscular além, da presença de disfunções como, hipertonia, hipotonia, dores, cicatrizes, entre outras presentes, que colaboram com a piora ou até mesmo com o fator causal da disfunção sexual. Dentre estas alterações é comum encontrarmos presença de hipotonia em homens e mulheres com transtornos de interesse e excitação e hipertonia presente em mulheres com dor genitopélvica.
A literatura apresenta diversos recursos fisioterapêuticos citados abaixo para tratar as disfunções sexuais femininas e masculinas que podem ser usados de forma isolada e/ou combinada, de acordo com a avaliação fisioterapêutica de cada paciente.
- Biofeedback: temos os modelos pressóricos e o eletromiográfico ambos, oferecem estímulos visuais, auditivos e proprioceptivos e promovem a ação voluntária dos músculos do assoalho pélvico propiciando verificar a presença ou não de atividade muscular espontânea, incoordenações e sincinesias. É uma modalidade refinada que promove conscientização, e elaboração das funções musculares e são recomendados para tratar as diversas DS femininas e masculinas.
- Ultrassom Terapêutico: aplicado na região do períneo, proveitoso para casos de dor e hipertonia nos casos, por exemplo, de dor genitopélvica.
- Eletroestimulação: pode ser aplicada por via vaginal, anal e de superfície, tem como objetivos normalizar o tônus e a ação muscular através de pulsos elétricos, estimulando a função sexual, pode ser usada por exemplo, em transtornos de interesse e excitação, anorgasmia e dor genitopélvica.
- Dessensibilização genital e massagem perineal: manobras miofasciais, especificas para promover o relaxamento e facilitar a penetração.
- Treinamento dos músculos do assoalho pélvico: exercícios funcionais específicos para os MAP, com o objetivo de melhorar a performance muscular, através da restauração ou manutenção da função muscular, bem como mobilidade, alongamento e coordenação adquiridas através dos movimentos de contração e relaxamento, podendo ser utilizados tanto para prática terapêutica como preventiva.
- Cone vaginal: são dispositivos intracavitários com forma e volumes variados, é inserido na vagina para promover, ativação de fibras musculares tipos I e II, percepção, resistência e feedback sensorial, a mulher passa a compreender a localização dos MAP, através de um mecanismo de biofeedback, pois ativa uma contração reflexa no momento que o cone vaginal desliza pela vagina.4,16
- Exercícios Sexuais: exercícios específicos para estimular experiências eróticas especificas para cada tipo de disfunção sexual que o paciente pode realizar individualmente ou com sua parceria. de forma privada baseados nos exercícios de Helen Kaplan (1978).
Conclusão
Ressaltamos a importância do tratamento interdisciplinar das disfunções sexuais e o papel do fisioterapeuta pélvico atuando junto a equipe, conduzindo a melhora das funções físicas dos pacientes após, uma avaliação fisioterapêutica minuciosa e a escolha dos recursos fisioterapêuticos recomendados durante o tratamento.